Volta!
Parece que foi ontem que percebi seus longos cabelos na cintura e por eles me encantei;
Parece que mim foi ontem que descobri a beleza do seu rosto, o encanto amoroso do seu olhar, quando para mim olhava;
Parece que foi ontem que me acordava com sua doce voz dizendo que a hora da escola era chegada;
Parece que foi ontem que me levou pra passear pegando na minha mão com o maior cuidado para eu não me perder;
Parece que foi ontem que me ensinou o dever de casa com a calma e a paciência que lhes são tão peculiares;
Parece que foi ontem que na minha rebeldia da adolescência a fiz sofrer quando por meus caprichos a enfrentava, mas, mesmo assim, ainda me amava;
Parece que foi ontem quando me levava para a maternidade e minha primeira filha no colo segurava;
Parece que foi ontem que me dei conta de quanto amor eu era agraciada por sentir quanto sofre a mãe para uma vida criá-la;
Parece que foi ontem que por dores e aflições por mais que tenha passado, em seu rosto o sorriso sempre estampado estava, quando de uma palavra amiga eu precisava;
Parece que foi ontem, mas, me dou conta que o tempo passa...
E o tempo passou.
E trouxe as consequências naturais
De quem vive. Envelhece.
E hoje a vejo ali,
Tão linda quanto antes
Tão serena como quando me ensinava.
Seus cabelos, já não são longos,
Mas me encantam com seu prateado;
Quero teu olhar outra vez,
Quero teu sorriso outra vez,
Quero ouvir tua voz outra vez,
Quero teu abraço outra vez,
Quero teu beijo outra vez...
Volta! Esperamos...
(Obs.: Mamãe não voltou. Da UTI foi para os braços do SENHOR.)