Solidão que nada
Minha doce solidão, seja bem vinda
Abro as portas da minha vida
e te mostro o meu coração
Venha e chega devagar
por que você veio sem ninguém te chamar
Mas não te nego o que posso ter de bom
Um filme, ou um livro
um tempo e um espaço
Te faço de travesseiro
e te alimento de ilusão
O que quer de mim solidão?
Se não te nego e mesmo assim me deixa sem chão
Me joga na cara os abrolhos e os espinhos
As vezes me soa como um ninho,
E outras me tira a razão
O que quer de mim dona solidão?
Que de dona minha, não tens nada
Mas mesmo assim caminho na sua estrada
Por que sei da minha condição
Humano,
um mundo, um tempo
Nasço e morro na mesma questão
Então, como te negar?
Se me tens mesmo num quarto
no parto e num caixão
Como não te aceitar?
Pois quanto mais sei, menos sei explicar
nos ciclos da vida, em tudo que muda
só eu, que também me mudando, não deixo de estar
E ali comigo,
aceito o abrigo
Sei que tudo passa
Mas me vejo ficar
O tempo me ensina,
que o único caminho
Mesmo contigo no ninho, doce solidão
Sozinho mesmo, ninguém nunca se está
No vento das formas, no tempo das portas
na estrada da vida, nas questões exigidas
no peito que arde,
na saudade e na esperança,
num beco e num barco
Enquanto existir em mim, o que for um coração
na sua ilusão minha querida solidão, até posso pousar
Mas não sou eu que estou no seu ninho,
a casa é minha, você é só uma visita,
Fique o tempo que achar necessário,
Estou seguro por que eu simplesmente amo
E quem sabe do amor, na cor e na dor,
no vôo e na queda,
na luz e no escuro,
no barulho ou no mudo,
nas contradições do mundo,
mesmo na ida e na volta, sabendo do amor,
sabe-se também que sozinho aqui ou lá, ninguém nunca está