Cobram-me gratidão.

A servidão e a força do chicote.

A agonia e o medo da morte.

A tristeza e o leito duro.

A fome e o prato vazio.

Fui sabotado pela rotina e pelo tempo.

Cheguei a agradecer sua ignorância.

Duvidei da minha própria fé diante

dos seus santos.

Não vim de casa, nasci na terra do

senhor.

Lidava com algodão e cana sem

tempo para ser quem sou.

A liberdade escrita em livros tem

corrente invisíveis, intransponíveis.

Só o fim me liberta.

Até lá o que me resta é trabalho.

Roberto Nunes
Enviado por Roberto Nunes em 20/05/2017
Código do texto: T6004604
Classificação de conteúdo: seguro