Encharcado de felicidade

O que ele faz lá?

Parece tão sozinho,

tão triste, abandonado!

Parece tão pesarosa,

as asas, a vida talvez.

Daquele pobre passarinho!

Ou será ele tão mais sábio,

menos alienado?

Contempla, como o Príncipe,

a rosa?

Chove tanto por todo lado!

Mas ele continua ali,

quase imóvel, calado,

do seu bico nem um pio

Ignora (...) ou se extasia

Com a água que molha as plantas,

que sacia da terra, a sede,

que tudo transforma,

em nostálgica magia!

Parece que nada lhe espanta,

nem a abundante água,

nem o frio!

Corresponde com graça e leveza,

a eterna Mãe, a Mãe Natureza!

Que com branco véu em perspectiva,

trás para perto o passarinho,

as flores,

e lá bem longe,

a sombra dos arvoredos,

oculta as verdades e os medos!

o tênue véu da neblina!

No palco da vida, os atores,

em forma de animais, descortina!

Mas não para esse passarinho,

que mesmo sem ter filhos,

sem ter ninho!

Ou não pousaria por tanto tempo,

num fio!

Estar só não aparenta dissabores.

Está mais para gratidão, o seu estado de ser,

em absoluta contemplação.

Parece me tão mais satisfeito,

tão mais focado e feliz,

com a sua vida!

No justo e honroso

cumprimento de sua missão.

Valéria Nunes de Almeida e Almeida
Enviado por Valéria Nunes de Almeida e Almeida em 21/05/2017
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