Sonhos e purpurinas

Ao brilho de purpurina

A menina traçou sonhos

Seria a donzela do castelo

Para seu medo do dragão

Sua fada madrinha

Prometeu-lhe proteção

A cigana lera seu destino

Numa bola de cristal

Teria um amor genuíno

A lhe proteger do mal

Eternamente um namorado

Sem vícios, nem maldade

Que segurasse sua mão

Na hora da solidão

Abriu a sua janela

Viu um céu estrelado

Voou nas asas da imaginação

No dia do casamento

Sorrisos em sua passagem

Viu-se numa carruagem

Tapete vermelho ao chão

Lá dentro da capela

Seu príncipe encantado

Com um buquê na mão

Passados os bons momentos

Lua de mel e coisa e tal

Realidade e sofrimentos

O dia-a-dia trivial

Entre carnês e pagamentos

Vieram filhos e amantes

Nenhum anel de diamantes

Nas mãos feridas de trabalho

Algo deve estar errado

A vida entrou em algum atalho

Que não estava na história

Jogado num canto do assoalho

Sapatinho de vidro quebrado

Olha triste pra cozinha

Nenhuma abóbora na panela

O príncipe tão sonhado

Era apenas fanfarrão

Passava as noites no baralho

Um simplório beberrão

Sente lágrima escapar

Qual fora o seu pecado

Exceto aquele original?

Sorri vendo a filha brincar

Com a sua purpurina

Senta-se ao lado da menina

Iludindo-se a sonhar

Que ao amanhecer

Tudo possa mudar

E se deixa adormecer...

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 26/05/2017
Reeditado em 26/05/2017
Código do texto: T6009717
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