BORBOLETRAS

risco no céu anil

retângulo de milhões de pixels

uma centopeia alada

alarga a pupila de se olhar a mais

raro lume que rasga o véu

em tom sobre tom

cor sobre cor

ciano? chumbo? cobre?

derramamento de sons silenciosos

(toda tela é uma orquestra sinfônica

em extática inércia)

linhas tecem fios no ineditismo renovável

da vida sempre renovada

rios laranjas de águas ocres

verdes ares sufocantes

sobretudo a cor pastel a

lentamente

eternamente

acinzentar

quando há falta de energia

ou de papel

ou de cópula

casula-se

até o próximo mininanomicro big-bang

e a expectativa do novo voo