Modernidade líquida ll
A realidade é oca
Mas soca minha cara
E sem luvas de pelica
A tela entorta
Distorce os ângulos perfeitos
De um meio-dia de verão
Na periferia
Que fervilha mas nunca entra em ebulição
O olhar se quebra
Requebra numa curva
Numa quebrada
De onde ressoam as batidas
Até o tempo se curva
Rebola
Meneia a cabeça e me esnoba
A eternidade dura um minuto
Da criação ao fim do mundo
Leva um segundo
Enquanto Deus teve de ser reinventado
Em termos mais prosiacos
Sentado num trono de plástico
Rodeado de anjos de celofane
Bits, bytes...
Bebo mais um copo de água doce que tem gosto de cloro
Gole a gole
Eu demoro
Choro
Ainda é permitido chorar