Modernidade líquida ll

A realidade é oca

Mas soca minha cara

E sem luvas de pelica

A tela entorta

Distorce os ângulos perfeitos

De um meio-dia de verão

Na periferia

Que fervilha mas nunca entra em ebulição

O olhar se quebra

Requebra numa curva

Numa quebrada

De onde ressoam as batidas

Até o tempo se curva

Rebola

Meneia a cabeça e me esnoba

A eternidade dura um minuto

Da criação ao fim do mundo

Leva um segundo

Enquanto Deus teve de ser reinventado

Em termos mais prosiacos

Sentado num trono de plástico

Rodeado de anjos de celofane

Bits, bytes...

Bebo mais um copo de água doce que tem gosto de cloro

Gole a gole

Eu demoro

Choro

Ainda é permitido chorar

Luiz Eduardo Ferreira
Enviado por Luiz Eduardo Ferreira em 10/08/2017
Reeditado em 10/08/2017
Código do texto: T6079916
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