SIOUX


SIOUX
Miguel Carqueija



Fomos donos desta terra
que o homem branco tomou,
a planície, o rio, a serra,
e tudo o que ele olhou.

Mas do que sobrou pra nós
restou a dignidade,
e enquanto tivermos voz
falaremos a verdade.

Sou sioux, pele-vermelha,
olhos fundos como o céu
e veloz como a centelha,
a voz doce como o mel.

Na árvore sei subir
com o pé ágil e ligeiro,
e pelo chão sei ouvir
longe o veado campeiro.


Eu sou índia e sou mulher
que ao branco não odiou;
a terra que no passado
a sua tribo nos roubou
seu crime está perdoado,
pois assim Manitu quer!

Só pedimos doravante
nos tratem com igualdade,
vamos seguir adiante
com amor e fraternidade!

Testemunhamos ainda
nossa longa tradição;
a nossa face pintada,
nosso belo mocassim,
nossa coragem sem fim,
nossa terra tão amada,
nossa ternura tão linda,
nós não vivemos em vão!



(Rio de Janeiro, 25 de setembro de 2017)



TOURO SENTADO


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