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Nesta boca da noite,
cheira o tempo a alecrim.
Muito mais trescalava
o incorpóreo jardim.

Nesta cova da noite,
sabe o gesto a alfazema.
O que antes inebriava
era a rosa do poema.

Neste abismo da noite,
era a sorte em lavanda.
Um perfume se amava,
colante, na varanda.

A narina presente
colhe o aroma passado.
Continuamente vibra o tempo,
embalsamado.





Andrade, Carlos Drummond de, ( 1902 –1987 ). “A Vida Passada a Limpo”, in: Nova Reunião: 23 livros de poesia, 1 ED, São Paulo, Companhia das Letras,2015, p.292.










https://youtu.be/xv83A6oFl6s

Belchior  - As Várias Caras de Drummont 








BELCHIOR - AS VÁRIAS CARAS DE DRUMMOND - 2004

 
Um dos maiores poetas do Brasil do século XX, Carlos Drummond de Andrade, revelou, em entrevista ao Jornal do Brasil no ano de 1987, grande preocupação de ter sua obra esquecida com a sua morte; pouco dias após, o poeta mineiro que nasceu aos 31 de Outubro de 1902 em Itabira, faleceu aos 17 de Agosto de 1987. Em 2004, Belchior, em conjunto com a revista Caras, lança "As várias caras de Drummond" uma edição especial formada por um livro e dois CDs. No livro, 31 retratos e 31 poemas de Drummond dividem harmoniosamente as páginas. Nos CDs, os poemas se tornam música pelas mãos talentosas de Belchior. As canções e os retratos são de autoria do cantor e compositor cearense que com grande esmero e com sua genialidade fez um trabalho digno de Carlos Drummond de Andrade; se depender do trabalho muito caprichado de Belchior, Drummond pode ficar despreocupado, pois, além de musicar 31 dos seus poemas, pintou 31 gravuras com o rosto do poeta mineiro. O Trabalho feito por Belchior é uma obra-prima e ajudará a perpetuar a obra de Carlos Drummond de Andrade.


 
Carlos Drummond de Andrade
Enviado por Wilson Madrid em 21/11/2017
Código do texto: T6178407
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