SONHO, SUOR E LÁGRIMAS
Pobre homem que tem o cheiro da terra,
Traz na pele, marcas do sol abrasador…
Consome suas forças no vaivém da serra,
Ostenta a enxada e a foice sob enorme calor.
Na luta pela terra vive na escravidão,
Alugando-se para não morrer de fome…
A miséria avassala o vestuário e a habitação,
Inibido de pensar, só o trabalho o consome.
O medo e a dependência lhe impedem de reivindicar,
Alguma migalha do suor da sua lida,
Para algum dia na vida se ajeitar…
Trabalha de sol a sol, sem ter esperança na vida.
A natureza lança o sol escaldante,
Que mirra a plantação…
Mingua a água do gado e tudo que é relevante,
Acabam por morrer os animais de desnutrição.
Cria os filhos descalços, nus ou cobertos de andrajos,
Brincando na lama, sobrevivem assim…
Na porcaria de cães, galinhas e gatos…
Nem sempre freqüentam escolas os pobres mirins.
O vilão da retenção do homem ao campo,
É a existência de terras produtivas…
Num país onde poucos são donos de tanto…
E as terras abandonadas não são distribuídas.
Livro: Se as estrelas falassem... Editora Komedi/ Campinas