Mar enfurecido

Eu não vi

a tarde nos deixar

... e a noite já chegou

- fria, muito fria,

sem luzeiros no céu.

Apenas nuvens esparsas,

altas, muito altas

reveem um tempo atrás

- quando as montanhas caíam

desesperadas no mar enfurecido,

pelo nevoeiro de inverno.

O Mar do Norte avançou

pelos regaços da praia,

que se alongava em quilômetros

(não medidos em horas,

mas andamos muito perto

de pequenos vilarejos, sem destino)

atordoados pela ressaca...

- Uma noite adentrava os pensamentos

e na escrivaninha de madeira envelhecida

livros se acumulavam,

aguardando seus momentos

para a leitura minuciosa.

O vidro se embaçava

da respiração de muitos marujos,

lá fora era só negridão.

Um farol projetava sua luz

avisando o que havia à sua frente.

O mar ainda se inquietava.

Os marujos, cansados, gostariam de aportar...

e deixar em terra seus lamentos,

infortúnios de noites e dias distantes

do aconchego do lar.

São Paulo, 18 de agosto de 2013.

Marcela de Baumont
Enviado por Marcela de Baumont em 23/08/2013
Código do texto: T4448172
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