As duas Velhinhas
Cabelinhos brancos afivelados
As duas velhinhas vão rezar
É domingo e a missa não pode esperar
Lá se vão elas toc, toc, toc, toc, ligeirinhas
Seus maridos já se foram pro outro mundo
Agora seus passeios são à Igreja da Lapinha
Assustadas atravessam o largo, sem proteção
Com vestidos de seda, cada uma com o terço na mão
Juntas vão pedir a Deus que não demore a chamá-las
Pois, em casa, ninguém as espera para almoçar
E seus corações pulsam a vida mais devagar
Quarto de criança vazio
Ainda a ouço balbuciando as primeiras palavras
E sinto o cheiro de alfazema depois do banho
Vejo, a toalha de capuz e bichinhos, molhada sobre a cama
O xixi no lençol e o rostinho choroso que me chama
Hoje, na prateleira, suas bonecas estão tristes
Seu quarto não se desarruma,
Suas roupinhas desapareceram, uma a uma.
Você cresceu e sabe se cuidar