Morte ansiosa
Viu como queima, sentiu a brasa?
Na goela seca, engasgada
Que nem cuspe passa
Que água pesada
Viu como escorre, o suor na testa?
Como a mão congela
Borbulha em festa
O sangue que me resta
"Mãe , mãe, cadê você?
De baixo da cama tem alguém
Atrás das cortinas também".
"Cê...ocê...alguém?".
Viu como ele some?
Num instante que vomitei
Em horas que chorei
E quando olhei
Me dei, me dei, conta do que passei.
Outro dia , aquele mesmo alguém
De outrora, do além
Mantendo me , como refém
Sinal da cruz, amém.
A tv liga e desliga, o olho pisca
Pernilongos e a mosca
Pousa primeiro na parede e no armário
Depois em meu lábio
E espera ansiosa pra pousar ,no meu obituário