Morte ansiosa

Viu como queima, sentiu a brasa?

Na goela seca, engasgada

Que nem cuspe passa

Que água pesada

Viu como escorre, o suor na testa?

Como a mão congela

Borbulha em festa

O sangue que me resta

"Mãe , mãe, cadê você?

De baixo da cama tem alguém

Atrás das cortinas também".

"Cê...ocê...alguém?".

Viu como ele some?

Num instante que vomitei

Em horas que chorei

E quando olhei

Me dei, me dei, conta do que passei.

Outro dia , aquele mesmo alguém

De outrora, do além

Mantendo me , como refém

Sinal da cruz, amém.

A tv liga e desliga, o olho pisca

Pernilongos e a mosca

Pousa primeiro na parede e no armário

Depois em meu lábio

E espera ansiosa pra pousar ,no meu obituário

Robert Ramos
Enviado por Robert Ramos em 26/09/2014
Código do texto: T4976860
Classificação de conteúdo: seguro