Angelim de morcego

Quando ela se vai

me sinto como o garoto de baixo da cama

borrando os desenhos do que seria uma vida

repleta de alegria, preenchida até os vãos

por onde tem o gelado soprando a verdade

a verdade da solidão.

Quando ela se vai

e diz que já não quer voltar para mim

as tintas da minha poesia , se tornam

um mar revoltado , que dissolve o papel

e borra o chão de cimento batido

em meu quintal.

Quando ela se foi de verdade

não escrevi a tristeza que ela deixou

como herança, esperei o outono trazer

aquela poesia perdida, e a vi flutuar

no mar...

só então deixei partir, "aquela criança".

Robert Ramos
Enviado por Robert Ramos em 29/09/2014
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