Angelim de morcego
Quando ela se vai
me sinto como o garoto de baixo da cama
borrando os desenhos do que seria uma vida
repleta de alegria, preenchida até os vãos
por onde tem o gelado soprando a verdade
a verdade da solidão.
Quando ela se vai
e diz que já não quer voltar para mim
as tintas da minha poesia , se tornam
um mar revoltado , que dissolve o papel
e borra o chão de cimento batido
em meu quintal.
Quando ela se foi de verdade
não escrevi a tristeza que ela deixou
como herança, esperei o outono trazer
aquela poesia perdida, e a vi flutuar
no mar...
só então deixei partir, "aquela criança".