Descoberta
Sobre pedras lisas ou ásperas o riacho atravessei
Para atender a mãe que me chamava
E no verde-musgo da planície debrucei
A deliciar a poesia que em mim espraiava.
Os pássaros com seu canto alegre ou triste
Vidas de paz, amor e prazer inspiravam.
A imensidão do meu ser confusa insistia
Na prosperidade que do abstrato se desintegralava.
Tomou-me pelo braço minha mãe e lentamente
Pôs-se a caminhar naquela trilha deserta
Sem saber onde chegar, vento frio terra ardente
De repente o mesmo riacho eu de volta atravessava
Vamos nós e na vara de condão o anzol a abalroar
No imaginário do amor vento e suor,
No chão o dissabor dos pés a queimar
No coração a alegria de ver um boiadeiro campear
Tudo sobrevive nestes versos rotos de lembranças
Reinventando a criança que não pára de sonhar
Com alegria, amor e paz nas desavenças
Alimentando a crença de que um dia a vida vai melhorar.