O Fundo da Rocha

Caminho sozinho no vento

O tempo me temperou

Sou alegria e espinho

De resto sou quem aturou

Sou a pedra quebrada

Pavimentando a estrada

Sou torto descaminho

Pelego em confissão

Destino e pesadelo

De um passado sem sermão

Tosco pau de atiradeira

Mera forquilha torta

A armadilha confessa

Mais a mais o que importa

Sou fundamento sacramentado

Em comunhão resoluta

Uma luta inglória

Uma vitoria sem luta

Sou navio naufragado

Apenas mais um negreiro

Descendo pras profundezas

De despejos e desenganos

Um sicrano tal qual fulano

Falando em contrição

Sou aquela devoção

Que invoca uma ira

Uma lida descabida

Que cabe na minha mão

São tão meus esses calos

Que calando sem razão

Fala mais ao coração