O BANQUINHO

Havia uma imagem semelhante a mim ali

E me fitava profundamente me indagando

Desconhecendo, porém, o motivo do questionamento

Sentado em um banquinho de madeira

Já tão encharcado e apodrecendo

Talvez pela chuva que não parava

Talvez por suas lágrimas amargas também infinitas

Aqueles olhos tão iguais aos meus, apenas mais velhos

Me desconforta não encontrar a plenitude nessa luz

E essa se esvanece vagarosamente em sombras que devoram tudo impiedosamente

O banquinho repousava na terra batida

A frente de uma enorme figueira que crescia sem parar

Alimentada por medos, anseios e ilusões

Eu grito para esse homem no banco

Ele grita de volta com as mesmas palavras

- Ande! Há um mundo bonito fora da sombra dessa árvore que te sugas!

A imagem não se mexe e ali fica

Eu também não ouso me distanciar

Tenho que tirar aquele homem dali

Mas ele diz que me seguiria

Se eu apenas lhe apontasse a direção

Estou perdido respondo...

Deixe-me sentar ao teu lado

Vou pensar e decidir pelo melhor caminho

As lágrimas voltam ao seu rosto

E eu estou chorando também enquanto aquela árvore começa a frutificar

Pássaro das Palavras
Enviado por Pássaro das Palavras em 31/08/2015
Código do texto: T5366127
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