Venta, ventania
Sopra nos cabelos de Maria
Açoita as roupas nos varais
Varre as flores dos laranjais
Derruba o fruto da vindima
Sê soneto, conto, rima
Dança aqui, dança acolá
Até cansares de brincar!

Depois torna-te bruma doce
Beijando as águas do riacho
Acaricia com doçura a face
Arrepia a espinha
Eriçando nos braços, os pelos
de Maria.

És assim...
Vento vida...
Vida vento...
Nas folhas dos cata-ventos
Na copa dos pinheirais 
Trazendo cheiros de amores de outrora
Músicas na antiquada vitrola
da qual não se desfaz.

...Seguimos nós como os ventos
Na inconstância do pensamento
Brincando
Chorando
Rindo
Bailando
nessa vida tempestiva
de tantos ais.