Virada

Começa a haver meia noite, memoração

Como se tudo no tilintar das taças finda

Calam-se os corações, os fogos falam

Abraços hão de haver, de haver ainda

E o universo inteiro sozinho...

O meu fadário calado e na berlinda

Do silêncio na inspiração d'um ninho

Ruídos da rua, passos de ida e vinda

E os festejos sussurrando baixinho

E sozinho o universo inteiro...

Felicitações me são dadas do vizinho

Pelo ar ecoam acumulação de cheiro

Então deixo ilusões na taça de vinho

E velo solenemente o meu cativeiro

E inteiro sozinho o universo...

No rés do chão ter esperanças é roteiro

Já o pensamento na saudade disperso

Esperando, escutando, leve e sorrateiro

Qualquer coisa, antes de dormir, averso

Sozinho, solitário não, romeiro...

Vou dormir! Amanhã, dia outro e diverso.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

2016, dezembro - Cerrado goiano

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 31/12/2016
Reeditado em 08/11/2019
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