Mil(e)ti
Eu quis uma boneca de olhos vivos e assustados
tinha medo de me ver no escuro
no quarto, claro,
de perto e decerto
morria de medo
de mim.
Mil medos
e mil deles
miúdos, bobos
e o suficiente para não me deixar tocar.
Em ti
Mil medos de se deixar morar
Em mim.
Assustava-se por ser boneca
mas não queria ser chamada de gente
Recusava abraços, afagos, carinhos
achava que ao invés de pano, teu corpo era feito de espinhos
Teu medo era de machucar
e eu, louca ou corajosa
não me importava em sangrar.
Eu queria tocar!
Mil vezes trocraia a paz
e o que mais couber num sacrifício, por um toque.
Mil vezes eu me deixaria sangrar, machucar e ferir.
Mil feitos para que gostes de mim
Mil vezes por um toque
por um só toque
em ti