Ainda sobre o Amor

As paixões são de repente,

Quem dura é o amor.

Por isso ele cresce devagar,

Desbravando o outro,

Feito bandeirante,

Elucidando o mistério, os conflitos,

Se tornando conhecedor,

Mais do que o outro conhece a si mesmo.

É uma coisa viva.

Que se alimenta dizendo: “eu te amo”,

Sem nunca ousar dizer eu te amo.

Não se deve dizer nunca eu te amo

E não deixar de dizer eu te amo.

Eu te amo com o ser inteiro,

Com o pensamento,

Com a sensação de estar presente,

De ser o preenchimento pleno do outro.

Que se não alimentado deixa os amantes sem sabores.

Desgostando dos gostares,

Até que as batidas do coração se estacionam em uma monótona sinfonia.

O beijo fica insípido.

Os olhos sem vida.

O tempo dissolve as lembranças em tempos de neurônios.

Esgota-se pela vida,

Como gotas de torneira,

E até prédios, avenidas, carros, gatos, cachorros ficam mais cansados, mais longínquos, como pedras de um caminho.

Sérgio Caldeira
Enviado por Sérgio Caldeira em 27/12/2010
Reeditado em 27/12/2010
Código do texto: T2693994
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