MARÍTIMO

Eu te pedi um beijo, nada mais.

Você, como um cargueiro atracado no cais,

se recolheu com âncora e corrente.

Já nem ouso mais me aproximar,

sou, apenas, ondas em um vasto mar,

que envolve o seu casco, numa carícia inocente.

Meus afagos acabam, sempre, como espumas,

tenho, somente, o consolo das brumas,

e o som arruaceiro das asas do albatroz.

Me causa inveja, a alegria dos golfinhos,

a cumplicidade de outros seres marinhos.

Adornados por borbulhas, passeiam entre nós.

Eu vou continuar te beijando os pés,

se não for pelo mar bravio ou revés,

jamais vou alcançar-te, por inteiro.

O fenômeno vindo, não será pra te afundar.

Com a minha força, o que quero é afastar

qualquer outro possível timoneiro.

Eliezer Ávila
Enviado por Eliezer Ávila em 03/04/2015
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