Poesia Noturna

Não durmo, sonho, entre milhões de estrelas

Que observam o meu sofrer

Consolem-me em minha espera

Para que eu possa adormecer

Eu estou aqui a padecer

Nesta louca quimera

Neste desesperado anoitecer

Amar, quisera eu, quisera!

Sem o lampejo do teu olhar

Nesta noite fria

A solidão vem me provocar

A escuridão me agonia

Anoiteceu dentro de mim

Aquele sol se escondeu

Porque me deixou assim?

Para levar o sossego meu?

Enquanto espero tua chegada

O céu se prepara para chorar

Para que o escuro haja

Não preciso os olhos fechar

O mistério da noite

Vem me ofuscar

Ao invés de alívio, ela é açoite

Ela adormece a todos, e a mim faz delirar

“Não durma”, o pensamento sussurra

“Acalma”, diz o coração

A saudade é noite escura

Pois tu vagas na imensidão

Colei o teu nome em cada estrela

Para que alguém possa te encontrar

Deito olhando a janela

Esperando alguma me avisar

Sem ti ao meu lado, tudo é deserto

A noite é mais longa que o normal

Eu te desejo cada vez mais perto

Até aquilo que é certo, parece desigual

Noite com nuvens e sombria

Chove em mim o lamento e a dor

Abre o caminho para o dia

E deixa voltar o meu amor

Chega de lutar com o meu querer

Não posso mais ver a vida passar

Quero, ao menos, adormecer

E nos braços dele acordar

Vejo-o pelo campo cavalgando

É meu sonho! – vem o amanhecer

Na escuridão estou lutando

Eu te amo tanto – só o que me resta dizer