PAREDES OCULTAS

(Por Aglaure Martins)

Construí gaiolas

d'açúcar refinado e sal de rocha.

Sólidas, grades ocultas,

saídas com portinholas

que separam-me de ti.

Ainda ontem procurei o sol

vi raiar o dia por entre frestas

nas brechas abertas dos meus olhos

cansados das cores do arrebol

que dia a dia na retina decoro.

Confesso que te vi,

vi teu vulto sombreado

nas cortinas dançantes

que vestem as solitárias janelas

que enfeitam o meu quarto

de sonhos cambaleantes.

Como sopro de brisa

tocou-me a pele lisa

n'uma noite de reinvento

hálito de hortelã que adoça

as estrelas do céu da minha boca

em silêncio... Em silêncio...

-O aceno do lenço-

Acordo

O vento

Que em acordes

Dissonantes

N'um tempo atemporal

Em labirintos

Engaiolados

Contemplo.

.

JP26052016

Aglaure Martins
Enviado por Aglaure Martins em 26/05/2016
Código do texto: T5647559
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