QUERIA SER...

Queria ser como você,

vestir esse terno diante do espelho,

ensiná-lo a arrancar, pelos cabelos,

esse peremptório jeito de ser...

Ser o cão de guarda que tu és, armado,

ensiná-lo a largar a arma e limpar as mãos,

fazê-lo sentir o sol da luz e dizer-te que és amado,

salvar-te de sua farda e polir teu embaçado coração...

Ser-te a poesia lida em sossegado descanso,

(mesmo que a cegueira hodierna nos invada),

a palavra exata para enxugar o teu pranto,

ser-te o idílico poema que a dor devasta...

Queria ser como você,

mineiro à procura de diamantes,

que não vê o brilho do seu coração brilhante,

ah...resgatá-lo das profundezas do não ser...

Então seríamos os que a paz tanto deseja,

homens caminhando todos sempre na mesma direção,

os que resgatam pelos campos de guerra tantas perdas,

livres das amarras que atam nossas alegrias, em comunhão...