Ah saudade que faz catarse o poema teu
Porque amputas a alma e dilaceras o peito
Se o amor é santo e a cupidez ateu
Deixas o desejo ser sacro, jamais suspeito
 
Na travessia das lágrimas que fazem deserto
Amiúde, as noites curvam-se diante da solidão
E trêmulo, o pensamento questiona incerto
Se decerto ainda sobrevive um coração
 
A saudade consola..., mas não alivia
É como pagar uma pena ainda inocente
É a liberdade da lembrança, mesmo que enxovia
É ser virtuoso, mesmo indecente
 
A lembrança, ainda que efêmera, faz eternidade
O instante que não passa e em recordação faz viver
E se o esquecimento é nada, é uma temeridade
Que a saudade seja tudo e não se deixe morrer!

 
 
Tarcisio Bruno
Enviado por Tarcisio Bruno em 27/05/2017
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