O Mistério Feminino

Às vezes a gente ri, quando deveria chorar.

Às vezes a gente odeia, quando na verdade

tudo o que mais se queria era poder amar.

Inexplicavelmente a gente ainda a ama,

quando sobram razões para odiá-la.

Tem dias que choro pra não me revoltar.

Há tempos que eu a espero, mas sei que nada mudará.

Sinceramente, nem sei se mereço o amor daquela mulher.

Não sei o que ela quer da vida,

ou se é a vida que não a quer.

Tem dias que a gente brinca, quando deveria brigar.

Tem dias que a gente emburra, teimoso feito mula.

E às vezes a gente luta, quando nos cansamos de apanhar.

E até desiste, quando já nos cansamos de lutar.

Há dias fracos, magros, em que a fome aperta.

A gente baba, suspira e se derrete só de pensar.

Ouve sua voz e sonha com o corpo e o amor dela.

Então a gente vai e enche a cara no bar.

Às vezes a gente se pergunta:

O que se passa na cabeça de uma mulher?

Eis o mistério dos mistérios,

e quem desvendá-los terá prazeres infinitos.

Ora, mas se não a amar, logo os verá perdidos.

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ESPAÇO DAS INTERAÇÕES POÉTICAS

-Desvendar-te! Eis toda a minha aspiração!- me dizes tu. Entretanto, mostro-me tanto, só que não entendes... e me exaspero também. Porque é tão claro este meu amor por ti! Será que nunca haverás de ver que quando eu nego que te quero é porque te quero com loucura? Não vês que és dono de minha emoção e te amo perdidamente? E que estás por inteiro dentro do meu sonho? Se há mistério em mim, são as torturas de saber-te longe, com tanta incerteza a me atormentar.

(Esther Lessa)