"CADÊ AS CRIANÇAS QUE DERIAM ESTAR AQUI?"
Onde foram parar todas as crianças?
Ao léu, ao sabor do vento, balança o vazio balanço;
A algazarra de vozes infantis se foi, só o vento canta:
Uma cantiga triste, solitária, beirando a toada de exéquias.
Onde foram parar todas as crianças?
Aquelas que deveriam estar brincando aqui?
Desolado ficou o parque, só se vê folhas mortas voando.
Para onde foram as crianças que por aqui corriam soltas,
E que feito gazelas serelepes enchiam o ar de piruetas?
Algumas delas, hoje sexagenárias nostálgicas estão por aí.
Elas que fabricavam e inventavam seus próprios folguedos,
Hoje se lembram dos inocentes e criativos esconde-esconde;
Das bolinhas de gude; do chicotinho queimado; e tantos mais...
O parque sente saudades das crianças de agora.
Onde foram parar todas elas?
Muitas delas estão reféns de seus próprios espaços:
A soleira da porta é o limite, a barreira, a proibida fronteira.
Estão pálidas, obesas, calos nos dedos, nos eletrônicos dedos.
Estão “eletronisadas” pelos modernos e caros brinquedos;
Que as isolam e protegem do vento, da brisa e do riso solto e fácil...
“Cadê as crianças que deveriam estar brincando aqui”?
J.Mercês – 31/8/2014