VILA INFÂNCIA

Lembro dos velhos livros

nas prateleiras de madeira guardados,

testemunhas dos dias vividos…

sob o teto de um antigo barraco.

Telhados amassados de zinco

cujo o sol fazia questão de assolar.

Do nada, até que tínhamos muito,

do pouco ainda podíamos guardar.

À noite via as reluzentes estrelas

de dentro do meu quarto…

era pelos buracos nas telhas

que meus olhos ficavam fartos.

No meio a tanta pobreza

vestida de natural e básico,

podia admirar tanta beleza…

escondida em meio aos trapos.

Pelas brechas nas paredes

entre as tábuas de jacarandá

o frio contava-me seus segredos

e a madrugada vinha me visitar.

O que eu podia querer da vida

se o que eu conhecia era meu mundo…

um quarto e um quintal à vista

se me afastasse podia vê-los ao fundo.

Nas mãos cabia minhas posses…

um cobertor de lã encardido

uma empoeirada caixa de sapatos…

alguns brinquedos e minha sorte.

Marcelo Queiroz

22/06/14 

14:55h

Marcelo Queiroz
Enviado por Marcelo Queiroz em 02/10/2014
Reeditado em 06/01/2019
Código do texto: T4984290
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