QUAL DELÍCIA NÃO DEIXA CERTO DESGOSTO?
Há tantas coisas que gostaria de esquecer,
E por isso aqui, não quero, não vou citar,
E tantas outras que tento eu rebuscar,
E que eu nestes versos quero reviver.
Juro que amei alguém na mocidade ,
E fui feliz por apenas alguns instantes;
De uma rara blandície de debutante,
Um doce anjo com asas de cumplicidade;
Sorriso de brancos lírios ao alvorecer.
O olhar, uma meiga estrela cadente ,
Pousando no cálice de uma flor luzente,
Na boca o hálito inebriante de mulher.
Altivos seios apontando o horizonte,
Esbelto corpo, com trejeitos vicejantes,
Me embriagava o íntimo a cada instante
De sensações tatuadas na alma insonte.
Nossas estrelas se alinharam em harmonia,
De sonhos pintando os nossos pensamentos ,
Vibrando a cada viço de nossos momentos
Nas longas asas de nossas doces fantasias.
Qual delícia não deixa certo desgosto?
Nossas mãos se afagando na despedida,
Segui o destino da videira ressequida,
Uva macerada desfeita em mosto .
de egê- sp