Entendi

Que não existem mais pedras

Que o tempo passou

Que não há mais tempo

Que o tempo acabou

Que as tardes se foram

E o vinho tinto secou

As malas estão vazias

De pontos finais

Que não há mais perguntas

Que as noites de insônias

Agora são tão reais

Que o vento soprou

Que agora eu existo

E a graça acabou

Que o desespero é real

E a tentação indecente

Emana o desejo carnal

Que eu tenho que esquecer

O que nem tive de fato

Que na verdade do dia

Vesti de vermelho

Aquela imensa agonia

De não mais te ver no espelho

Que o mar ficou maior

E nosso barco se foi

Que mesmo sabendo que eu ia

Fiquei sedenta de amor

E por teimosia

Ainda trago essa dor

De saber que entendi

Que preciso escrever

Para não mais sentir

O que o corpo quer dizer

Agora entendi

O que eu não queria entender

Vou fechar o meu mundo

E da janela eu pergunto

Como posso viver, esquecer

Algo tão perto e tão junto?

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 15/12/2016
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