Os 260 mil que morreram de fome na Somália

em um planeta esplêndido

(ainda que já agônico...)

onde há regiões miríficas

de natureza vivída

e onde a vida é fantástica

onde a água é límpida

e há o esplendor telúrico...

neste mundo magnífico

entre o mistério cósmico

como podem, eu me pergunto atônito

reunirem-se bilhões de míseros

em lugares que são infindos túmulos

por entre águas que são mais que pútridas

amontoados como vermes fúnebres

sobre o lodo seco imundo esquálido

comendo lixo e o que houver de péssimo

por entre a doença a peste a pústula

onde nem há o consolar das árvores

e não há nada a não ser catástrofe

e mais adiante vê-se um campo onírico

onde o que é belo até se torna mágico

onde da vida há um fulgor titânico

e onde jamais puderam aquelas gentes trágicas

(e pior que trágicas, aqueles seres tétricos)

pisar a terra verde com seu passo trôpego...

a quem pertence neste mundo prático

as vastas terras desde lá o gênesis?

humanidade estúpida!

*Poema dedicado aos bilhões de miseráveis esquecidos pelo "progresso".

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Alessandro Reiffer
Enviado por Alessandro Reiffer em 16/05/2013
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