DESGOSTO

DESGOSTO

Um amargor que não vai

Uma frustração que não sai

Um viver que se esvai

Uma revolta sem volta

Contra tudo e si

E tudo é um se

Um se não fosse você

O que seria

Um novo dia

Ou trevas

Longevas

Qual esta

Que domina

Que é persistente

Que mata a gente

E lá na frente

Não há amanhã

Só anteontem

Já não houve ontem

E não mais haverá

O mais leve sonho

Só pesadelo

Um emaranhado novelo

De vida sem vida

De despedida

De tardio acordar

De pensar, relembrar

O que não houve

O que poderia ter sido

Essa quimera

Eterna espera de esperança

Que vira antônimo

E traz desesperança

Aflição, exasperação

Pelo nada ter feito

E contrafeito

Aceitar a situação

Não há como desenredar-se

Apropriar-se

De um recomeço

Cujo preço

Não há como pagar

Resta o caminhar

Pelos mesmos caminhos

Sem rota de fuga

Apenas uma linha

Que dita na folhinha

Um chegar distante

Que queria abreviante

Triunfante

A última morada

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 29/08/2014
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