Relatos de um pobre sofredor.

Na mira de armas, fuzis incontáveis,

estava eu, esperando minha morte.

E na minha frente, homens despencavam.

Destrói a fé todo sangue derramado.

Cada grito a noite abafado por furgões,

cada vida perdida, esperando salvação.

E te pergunto, onde está teu Deus agora?

Ali, te esperando no campo de concentração.

Somos como porcos, esperando pelo abate,

em cada situação de perder a fé.

Tirania absurda, não preza pela vida.

Negro, homem, criança ou mulher.

Cada dia mais parece uma tortura,

comida escassa, muitos morrem.

Nem pela agressividade, longe disso.

E sim pela situação que nos põem à prova.

Que país é esse, que somos julgados pela fé?

Que inimigo é esse, que aplaude sua morte de pé?

Pobres crianças, viraram estatística.

Entre os 6 milhões de mortos na Alemanha Nazista.

Esperando minha vez estou,

olho pro céu, imploro pra que não tenha dor.

De sofrimento já basta o que tive,

morrerei agora com o pouco de dignidade que restou.

Pobres homens que virão depois,

sabe lá o que vão inventar.

Malditos aqueles que causaram a dor,

Louvados aqueles que vão sem fraquejar.

Minha vez chegou, o tanto agradeço.

Ao contrário dos que imploram pela vida,

imploro pela morte.

Pro fim do sofrimento que minha vida se tornou.

Dia 04 de abril de 1939,

meu sangue negro jorrou;

E penso, na mais simples hipótese,

que essa foi a madrugada que meu dia não clareou.

Relatos de um pobre sofredor, Tatiana Ramos