Dragões

Ainda que tortas, foram essas
as máscaras que usamos.
Assimétricas e sujas faces
que envergonhados envergamos.

E tudo por nossa covardia
de não ver que a sombra e a luz
só mostram a alternância das ausências
e a intermitência do riso e do drama.

E tudo por não vermos
que secaram as acácias
em eternizadas esperas.

Agora, as roupas imitam os desejos
e sonhamos não ser
o que só podemos ser.

No velho teatro chinês,
a fealdade do dragão
não se oculta sob as dobras da arte;
e será em vão
alisar o cetim que houve
nas fantasias esquecidas.

Produção e divulgação de Pat Tavares, lettré, l´art et la culture, assessora de Imprensa e de Comunicação. Rio de Janeiro, Primavera de 2014.