Mantra da agonia
Vai! Vai! Não desista não cantor. Vai!
O que será dessa vida se tu que cantas
Não alçares a tua voz pelas tribunas da vida
Por todos os que sofrem,
Pelos que não têm como caminhar sem mantra?
Por que cantar? Ora... É a vida!
Ela mesma é um canto sedento...
Vai! Eu sei o quanto é difícil sangrar...
Quando a alma geme músicas inexprimíveis.
Ri. Mas se possível for, Chora em silêncio...
Ás vezes, por de trás do som,
As pessoas não veem as lágrimas
Elas são como rimas transparentes,
Sutis e claras que rolam da alma;
Como não chorar? Ora...
Chora, mas para dentro, rumo da própria alma;
Ninguém nunca precisa saber
Das tuas coisas dolorosas que rasgam o peito.
Se não tem farinha no pote, xote!
Se na mesa não tem pão, baião!
Se tu usas sempre a mesma calça, salsa!
Se sofreste um desaforo, choro!
Se cantas até madrugada, toada!
Se já choraste um bocado,
Abraça-te com o teu fado. Se preciso corra,
Mas não morra ainda. Há no mundo,
No fundo do quintal, Que não adoram Baal...
E muita sede de mantra...
Então vai... Canta... Canta... canta...
Carlinhos Matogrosso