Triste sou eu

Triste sou eu aqui escrito

É o que eu apaguei pra ninguém ler

A arte bucólica das horas travadas.

Triste foi cristo

e quem estava lá para ver

Triste foi as tantas chicotadas

além da poeira de terra seca.

Triste são as figuras faladas

que ninguém intende.

Triste é a avareza

Triste é a moeda cobiçada.

Triste somos homens

de felicidade estreita

no beiral do vigésimo andar

andar, de cada passo triste.

Até a queda livre do devaneio

ou o desmaio no altar

ou num triste caminhar.

Tristeza mesmo é o agora

que nunca mais se repetirá

o barulho da porta

e saber que ninguém mais vai entrar.

Triste é se sentir inútil

Enrolado na cama e com luz fraca

Não saber conduzir o sexo

Ascender um cigarro e beber do cantil

Bater a cabeça na cama

e esperar outro dia de retrocesso.

Triste sou eu

com tantos livros que não leio

com uma vaga no corpo, que ninguém ocupa

triste é o amor meu

é o receio

é a boca que não chupa

é a mão que o cão lambeu.

Robert Ramos
Enviado por Robert Ramos em 19/12/2014
Código do texto: T5074689
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.