Acordou

Pela trigésima vez

E nessa então

Acertou a manhã

Deixar o chão pros pés

O corpo já tivera longo turno

E já saber como é que é

Viver mais um dia sem rumo

Buscar o desconhecido

Entre as coisas, das mais óbvias

E sorrir com um simples

Raio de sol que entra sem bater

Pela fresta que a porta faz com o chão

E no espelho lá nos fundos

Procurar o mesmo brilho

E encontrar um par de olhos

Que ali barrados, limitados

Não desvendam o que se esconde

Dentro de seu coração

Noite em vão... (noite em vão!)

Vida vã... (vida vã!)

A fonte incessante faz minar Lágrimas modestas

Corpo fraco, mente franca, trança as pernas

Esbarra em suas próprias arestas

Seu norte está pra onde aponta a testa (mas não)

Mecanismos e ferramentas à mão

Mas não se lembra por onde se perdeu sua razão

Tosse à beça, bebe água

Rara e cara lá do poço

Cospe fuça lava a cara

O seu choro é sem esforço

Água fria pelo corpo

E se lava já sem dor

Sem sujeira

Sem eira nem beira

Já sem alma

Já sem calma

Só tremor

EuMarcelo
Enviado por EuMarcelo em 19/12/2014
Código do texto: T5075270
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