CONVULSÃO

Vivo nutrindo sonhos,

porque os ossos desfalecem,

o sangue engrossa.

I

Quando meus ouvidos

não puderam mais ouvir

a voz da natureza,

saberei que estou surdo...

definitivamente surdo,

definhando e soltando as rédeas.

II

O odor fétido e defectível do asfalto

me embriaga, deixa-me cambaleante.

Se eu tivesse a crença dos anjos,

voarei para bem longe.

III

Eu sei que o inferno fechou as portas

para mim.

Até o mal me preteriu.

O bem haverá de me engoli,

ele não tem saída,

IV

O refugo da humanidade,

um dia terá de ser reciclado.

Talvez eu esteja embrulhado

num lençól sujo de sangue,

no meu quarto, gozando a despedida

e me desvencilhando do sr. instinto.

Pedro Simao Rocha Matos
Enviado por Pedro Simao Rocha Matos em 28/04/2015
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