PRISIONEIRO DO TEMPO

Carrego os dias braceletado no pulso,

encoleirado no pensamento,

um guia imperativo, arrogante,

um governo tirano.

Não me larga, não me deixa,

não se apaixona, não me ama,

maltrata, despreza, desdenha,

só precisa de minha mão.

Do pulso magro, pele e osso,

aponto para algum lugar,

a coleira me governa,

o cadeado tem a boca enferrujada.

Se as facas do tempo,

um dia ficarem afiadas,

haverão de cortar o bracelete,

minhas mãos farão o que quiser.

O meu tempo será livre,

despontará um caminho,

o bracelete deixará de ser meu guia,

será uma coleira perdida no passado.

Pedro Matos

Pedro Simao Rocha Matos
Enviado por Pedro Simao Rocha Matos em 23/05/2015
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