Enten

Luz, enfraquecida pelas cortinas

Paz, enfraquecida pelas distâncias

Um acorde maduro faz meu espírito reagir

Uma bela canção inundando minhas paredes

Lágrimas, apenas fogem de mim, abandonam-me

Meu ser se esvai em palavras mudas, sentenciadas

Tudo sobre mim, talvez não diga nada de mim

Coleções de adeuses adornam esse jardim, como flores

Dor que nutre todo o mundo de mundos

Alimenta a sede que sempre temos por desesperança

Deixe a luz apagada, não espante os sussurros

Olhos sobre a névoa, hinos silenciosos no despertar

Éramos jovens demais, e já era tarde demais

Corríamos pelos vales, atônitos, sedentos

Como uma valsa, cabelos ao vento... e sorrisos

Uma desfocada fotografia de tudo o que não se viu

Talvez anjos cruzassem nossos céus

Como saberíamos? Como acreditaríamos?

Pássaros ou naves... um pincel para colorir o firmamento

Tudo talvez fosse possível, mas aí, a vida acontece

Nos forçamos em nossos impulsos, como clemência

Adjacentes de nossos obtusos vernáculos

Numa infâmia episcopal de nossos delírios reais

Nosso Elísio, sempre estruturado pela solitude

O disco agoniza... notas em sacrifício da arte

A agulha lhe fere a carne, e ele reproduz a triste canção

Tão bela quando a imensidão vazia de nosso tempo

Vácuos como moradia, espaços-não-preenchidos como lar

Feche os olhos devagar

Na língua das estrelas, eles cantam para você

Quem sabe o vento lhe toque saudosamente a fronte?

Apenas não abra mão de voar... O ponteiro já lhe julgou!

Tomverter
Enviado por Tomverter em 31/03/2016
Reeditado em 31/03/2016
Código do texto: T5590816
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