Poema da Madrugada

Não tenho forças para chorar

O pranto se guarda, mesquinho

Se viesse não seria um terço

Da dor que me presto a ocultar

Não me são suficientes os dedos

A transpor nessas linhas segredos

Que o peito se põe a guardar

Escorre por dentro a gota

Não sei se lágrima triste ou

suor que no fim do dia persiste

a impedir meus olhos de cerrar

À noite, inquieta, eu penso

"Por que não findar o tormento?"

E volto a me afundar

Viro, reviro, repenso

Onde se esconde o alento?

Sou eu do seu toque isento?

Confusa, chacoto o pesar

Que faço se não tenho o dom

Da fala, da escrita do som

Senão a minh’alma velar?

V Araújo
Enviado por V Araújo em 29/07/2016
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