O Coração Que carrega

O coração que carrega o peso,

da carga do meu triste navio,

tem os olhos de um menino indefeso,

no convés sobre um vento bravio.

Os soluços são pequenas batidas,

gritos que partem os mastros,

mensagens de aurículas sofridas,

taquicardias que vêm dos astros.

Navego no meu sangue venoso,

com destino a uma artéria pulmonar,

embriagada com o efeito gasoso,

só regresso quando a maré baixar.

De tão curto que é o meu descanso,

tenho dias que me apetece parar,

o meu corpo suplica por amanso,

um cais para poder desembarcar.

Penosa é a carga emocional,

que esmaga toda a minha aorta,

o meu olhar deixa de ser racional,

descaio as pálpebras, feito morta..

O coração que carrega o meu eu,

navega agora num caixão sombrio,

porque choveu tanto e sofreu, sofreu,

naquele convés e ninguém viu.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte.

Cristina Ivens Duarte
Enviado por Cristina Ivens Duarte em 28/09/2016
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