Adeus
Já foi me dito uma vez:
Adeus...
A memória desse cumprimento até soluça!
Como beijar tantas ruínas e jubilar satisfeito?
É tão turva a realidade que em mim se debruça!
Uma vida sem propósito,
Uma arte repleta de defeitos...
E nas biltres rimas, insurgem também as queixas!
Como eram ingratas nossas companhias na primavera!
Zéfiros endiabrados que desgrenhavam minhas madeixas
Perfumes que ficam, carícias furtivas e tão singelas
Dissabores... Como as flores me lembram dela!
Ingrato aroma dum amor que não mais prospera...
E a felicidade, quem a possui, jamais a vende!
Riqueza de suma estima, que se cuida com respeito
Digo contente: Feliz é quem essa vida compreende!
Seus determinados porquês, seus matemáticos conceitos
Já que por mim, tanto faz a causa ou o efeito!
Pois qualquer sentido que vejo, tenho o aceito...
Já foi me dito uma vez:
Adeus...
A circunstância da morte já não me surpreende!
É este o rumor da desesperança que me acorda no leito?
Perspicácia abreviada, uma contrariedade indecente!
Uma vida sem qualquer causa,
Uma peleja sem nenhum proveito!