Travado

Já faz um tempo que eu ando.

Ando, mas não caminho.

Todo homem tem o mesmo destino

Mas estão turvos meus passos.

Ando pra casa.

Me deram isso, não consegui nada.

Não tenho frio, não tenho fome

Mas não me basta.

Em dias ruins sinto esse monstro que me consome.

Em dias piores não é monstro.

Sou só, eu mesmo.

Minhas capacidades e prazeres

São falsos prazeres e falsas capacidades

Jogos e pessoas, jogadas.

Cálculos e códigos, descaminhados.

Papai é engenheiro?

Quis ser mais do mesmo.

Minha mãe é psicóloga,

Eu sou psico-ilógico.

Mas já não importa, nada importa.

As pessoas da calçada estão em outro mundo.

Chega um ponto onde você não olha mais

pra cor do sinaleiro com a mesma vontade.

E não paga um ônibus

porque não há nada nada melhor pra sua noite

que adicionar lágrimas e suor a chuva do chuveiro.

Minha angústia é tosca.

Mas em dias piores é o que sobra.

Sou só, eu mesmo, e versos, e lembranças.

Traços e casos tão magros.

Trejeitos de alegria instantânea

em trapos travessos de infância.

Hygor Marques
Enviado por Hygor Marques em 21/06/2017
Código do texto: T6033042
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