No que me faz
Minha dor é uma dádiva
Um ar de arroto
Um alívio e uma tortura
No inverso que se faz censura
O bem-estar é um mito
Que desmascara o folclore
Ignorando as energias positivas
Me prosto diante do imutável
Me torno um escravo
Não sei
E nunca saberei lidar
Por não me encaixar
E sera questão de tempo
Para eu começar a perder mais pessoas
Aquelas que acreditaram em mim
Isso me dói
Corrói e deixa sequelas
É horrível engolir o conceito de amor
Que me inventam
Todos os dias
E renovam
Porque é fácil criar definições
Pra algo que todos sentem medo
Enquanto a maioria sofre de
Uma doença mental
Que subestima a solidão
Porra.
Prefiro dizer adeus aos meus
E mandar se foder o seus
Conceitos
Sempre atrairei
Esse adubo que já foi merda
E florescerei lindamente
Mas
Foda-se
Nessa intonação que cria repulsa
Foda-se
A sensibilidade
Afinal
Apenas por sentir
E sofrer
Ainda sou ingrato
E nem minha autoconsciência
Me dará a devida lição
Pois escolhi beber cachaça
Enquanto todos conversam
Na calçada
Sobre o culto de sábado.
- G.