A MANIFESTAÇÃO DOS PÁSSAROS

Lá, em cima do canteiro  de beringela,
aprontaram bem ao lado de uma janela,
uma grande e tremenda manifestação.
A passarinhada, numa calorosa gritaria,
que não era, nenhuma bela poesia,
conseguiram acordar esse ermitão.
Barulheira infernal
ao lado do milharal,
ficaram sem a ração.
Manhã de frio,
o côcho vazio,
reclama o pardal.

Esses belos e tão folgados passarinhos,
que em minha cabana fazem seus ninhos,
não podem entender que estou doente.
Mas fazem com seus cantos esse protesto,
quem sabe pensam que é um bonito gesto,
que a minha dor de barriga afugente.
-Saiam já desse carvalho,
vou enfrentar o orvalho,
espero que o corpo aguente.
Terão na manhã,
uma dúzia de maçã
para quebrar o galho.

-Parem  com esse protesto na cabana,
oi chamarei aqui, a minha sussuarana,
tenho direito de curtir o nascer do sol.
Mostrarei que já está lá um abacaxí,
para acalmar o sanhaço, sabiá e benteví,
cacho de banana,para o bando de rouxinol.
Paz, aqui na minha granja,
com esse monte de laranja,
tanta semente de girassol.
Acaba a gritaria,
agora é poesia,
paz que esbanja.

 
GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 01/07/2013
Reeditado em 27/05/2018
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