A MORTE DA BORBOLETA
Pendurada na bromélia
Adormeceu a borboleta vermelha
Sem ao menos um suspiro
E lá ficou feito um brinco
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Logo um mosquito
Assoviando apito
Espalhou a notícia
Que como pimenta ardia
*
O vagalume desbotado
De lume apagado
Retirou seu chapéu de cogumelo
Em sinal de mérito
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O louva-deus sem demora
Teceu uma grinalda de rosas
Para enfeitar o sarcófago cetim
Uma concha de amendoim
*
Recortaram as formigas
Uma folha de melancia
Para enrolar seu corpo
E transportar ao sepulcro
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A cigarra de emoção
Cantava uma canção
E crixava o grilo
Seu amor perdido
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A abelha de amargor
Foi zumbir ao seu redor
Despertando a borboleta do sono
Do seu melhor sonho
*
E saíu feliz a flutuar
Nas pétalas se embalar
Por ter amigos de montão
Que guardam ela no coração
*
Enquanto o sapo comilão
Com cara de pimentão
Saltava pelo chão
-Esse chorão!
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