BONECO DE LATA

Olho pelo buraco

Buraco pequeno que me guarda

Se saio, sou pego

Em instante de minutos, de novo me guardam

Queria correr nas ruas

Descalço, sentir a terra

Matar piolhos com a unha

Lamber o fundo de uma tigela

Nem ao menos danço

Tomar banho soa agressivo

Despenteado passo dias

Pareço mesmo um mendigo

Um dia vou saber

Qual será o meu final

Do começo não lembro

Cheguei pelo correio, numa caixa de metal

Fui agarrado, assim que me viram

Apertaram minha lataria

Que amassada com o tempo

Para mais nada servia

Mas no futuro serei menino

Força e foco, tenho pra ser

Agora só basta um milagre

Para essa mudança poder acontecer

ADRIANA ANDRADE
Enviado por Adriana Andrade Afonso em 22/06/2016
Reeditado em 01/07/2016
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