Barco sem vela

Barco Sem Vela

Sentia a flutuação do barco da vida

Levava-me onde nem sempre queria ir

Sem nunca chegar onde sonhava

Ia acumulando pesadelos e desenganos

Infinito finito

Aterrização brusca violenta

Barco a velejar, sem destino certo

Ida, leva sopro de bonança

Volta astásica, tristeza repentina

Sempre dizia: hoje encontro meu sonho

Mas sem nunca o encontrar

Confundia realidade e sonho

Límpido ou oculto

Embrenhava-se num mundo

Fantástico

Lúdico, subjetivo

Ergo urbes perfeitas

Amor profundo

Transeuntes: homens sensíveis e cultos

Castelos de areia

De repente, tudo se desfaz

No emaranhado imediatista,

Cítrico cotidiano

Que os seres violentam, desencontram

Ávida de emoções hilariantes

Varrendo a tristeza estertorante

Transigia por momentos

Paliativa evulsão interior

Tento extravazar à tona

Mas nunca dizia propriamente

O que queria de dentro externar

Implodia o sentimento verdadeiro

Ficava a palavra vazia

O mundo não deixava falar

Adiava superpondo, omitindo

Sem explodir, sem derramar

ia navegando neste barco sem vela

Com todas as intempéries

Ainda com fé, para não naufragar.

maria do socorro cardoso xavier
Enviado por maria do socorro cardoso xavier em 29/09/2007
Código do texto: T673806